Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs

Antigo blogue do projeto novasoportunidades@biblioteca.esjs, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian
Escola Secundária José Saramago - Mafra

segunda-feira, 29 de maio de 2017

ÁRABES E ISLÃO NA LITERATURA E NO PENSAMENTO PORTUGUÊS (1826-1935)


Imagem e todas as informações aqui.




"Mostra dedicada à presença árabe e islâmica na literatura e no pensamento portugueses (...). Através de uma organização cronológico-temática (...), apresentam-se textos, autores, movimentos e momentos em que a presença e a representação do Islão e da civilização islâmica, com especial foco no al-Andalus (711-1492), emergem na estética e na cultura literária e filosófica portuguesa. Entre os autores patentes na mostra, destacam-se Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Antero de Quental, Teófilo Braga, Oliveira Martins, Eça de Queirós, Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa e Almada Negreiros."


Patente de 31 de maio a 1 de setembro de 2017, na Biblioteca Nacional de Portugal.



sexta-feira, 26 de maio de 2017

quarta-feira, 24 de maio de 2017

PERCEÇÃO CONSCIENTE


Erhard Jacoby.




«Este quadro (de Erhard Jacoby) ilustra o facto de que cada um de nós, conhecendo o mundo através da sua psique individual, conhece-o de maneira um pouco diferente das outras pessoas. O homem, a mulher e a criança estão olhando a mesma cena, mas para cada um deles os diferentes detalhes aparecem mais ou menos claros e mais ou menos escuros. Só através da nossa percepção consciente é que o mundo "lá de fora" existe: estamos cercados por algo completamente desconhecido e impenetrável (representado pelo segundo plano acinzentado do quadro).»

O Homem e os seus Símbolos, concepção e organização de Carl G. Jung, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 2002, p. 229.



segunda-feira, 22 de maio de 2017

POESIA DE LUÍSA CORDEIRO (19)



"Fado da Sereia"


Madrugada...
lua cheia,
canta o mar embalado
p'lo olhar de uma sereia
que deitada
sobre a areia
o deixou enfeitiçado.

Madrugada...
lua cheia,
canta o mar aprisionado
p'los cabelos da sereia
cor do luar prateado.

Lua cheia...
é madrugada
e o mar já está acordado,
o horizonte afogueado,
o luar desvaneceu,
e...
a sereia encantada
que num momento apareceu,
veio trazida p'las ondas
e entre elas...
se escondeu.
Luísa Cordeiro




O POETA É UM FIGURADOR


Imagem daqui.



IX

o poeta é um figurador, não
consta que fernando conhecesse varrão (de
ling. lat. 6, 78:
fictor cum dicit fingo figuram imponit)
e a paisagem de alma: uma convenção
retórica

porque a leitura do efémero transcende
suas minúcias próprias, (e ele)
se torna retórica

e a circunstância: um travelling
palíndromo, nestes desvios
a razão se
perde

Vasco Graça Moura, "recitativos", Poesia Reunida, vol. 1, Lisboa, Quetzal Editores, 2012, p. 159.





quinta-feira, 18 de maio de 2017

CURIE: UMA FAMÍLIA, CINCO PRÉMIOS NOBEL


No dia 26 de abril decorreu, na Biblioteca da Escola Secundária José Saramago – Mafra, a atividade Curie: uma família, cinco Prémios Nobel, dinamizada pelo Núcleo de Divulgação Científica da escola em parceria com a Biblioteca. Nesta data, a Química misturou-se com os livros.
Mais informação no Blogue do Núcleo de Divulgação Científica da Escola Secundária José Saramago-Mafra



O SILÊNCIO QUE ME AFAGA


Imagem daqui.



Sento-me e oiço
O silêncio
No vazio
Que me sufoca
Mas não me apercebo
Que me afaga
No próprio medo
Encurralado na dor
Não cedo
Abro os olhos
E é aí que me percebo
Aconteça o que acontecer
Não temo.

Miguel Jacinto, Aluno do 11º CT5 desta Escola.



FESTIVAL INTERNACIONAL DE ÓRGÃO DE MAFRA

quarta-feira, 17 de maio de 2017

SAN GABRIEL


Hevelius, Firmamentum (1690), daqui.




San Gabriel

                      (No quarto centenário do
                              Descobrimento da Índia)


Inutil! Calmaria. Já colheram
As vellas. As bandeiras socegaram,
Que tão altas nos topes tremularam,
- Gaivotas que a voar desfalleceram.

Pararam de remar! Emmudeceram!
(Velhos rithmos que as ondas embalaram).
Que cilada que os ventos nos armaram!
A que foi que tão longe nos trouxeram?

San Gabriel, archanjo tutelar,
Vem outra vez abençoar o mar.
Vem-nos guiar sobre a planície azul.

Vem-nos levar à conquista final
Da luz, do Bem, doce clarão irreal.
Olhae! Parece o Cruzeiro do Sul!

Camilo Pessanha


Agenda Camilo Pessanha (1867-2017) 2017, textos de Ana Paula Laborinho, ilustrações de Carlos Marreiros, Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2016.



segunda-feira, 15 de maio de 2017

POESIA DE LUÍSA CORDEIRO (18)


“Fado meu…”

Eu canto
o Fado que cobre
                                                    a nudez
da minha Alma,
é pura,
e sendo assim,
canto o Fado
 sem pecado,
e o Fado envolve-me
a mim.

Eu canto
o Fado que chora
quando eu
não posso chorar,
está comigo
a toda a hora,
a toda a hora
o quero cantar,
e no tanger
da guitarra
é que eu
me sei encontrar.

Eu canto
o Fado que chora
pr’a ninguém
me ver chorar,
o Fado
é a minha loucura,
é vício
que não me deixa,
faz a guitarra
chorar
sem se ouvir
uma queixa.
      
 Luísa Cordeiro




87ª FEIRA DO LIVRO DE LISBOA 2017


Imagem daqui.





De 1 a 18 de junho, no Parque Eduardo VII, em Lisboa.



quinta-feira, 11 de maio de 2017

A VIAGEM: EXPOSIÇÃO RETROSPETIVA DO PINTOR ANTÓNIO CARMO


António Carmo, O Poeta (2006).
A imagem e todas as informações encontram-se aqui.



A exposição estará patente na Galeria do Auditório da Biblioteca Nacional de Portugal, de 16 de maio a 1 de setembro de 2017.



quarta-feira, 10 de maio de 2017

MEROS SEGUNDOS


Imagem daqui.




Tentei de tudo, mas tudo deu em nada.
Agora o melhor que tenho de ti
Está na lembrança.
Com ela recordo que era feliz,
Hoje agarro-me, por um dedo, à esperança.
Rememoro os olhos em modo estrelas,
As palavras, risos e tantas conversas...
E lembro-me do motivo,
O único que temia,
O que me fez perder o sorriso.
Era esse motivo que, mesmo tentando, não esquecia.
Gostava de voltar atrás, ainda que por meros segundos,
Para esquecer que estou partido,
Saber que estou contigo
E não sozinho.

Miguel Jacinto, Aluno do 11º CT5 desta Escola.



TORNEIO DE XADREZ DA ESJS

Cartaz da autoria de Patrícia Lopes

segunda-feira, 8 de maio de 2017

CONVERSA "POR QUE MACHADO DE ASSIS É UM CLÁSSICO?"






"No dia 9 de maio, pelas 18h30, Sónia Netto Salomão (...) e Anabela Mota Ribeiro (...) conversarão no auditório da Fundação José Saramago sobre a importância da obra de Machado de Assis."

A imagem e todas as informações encontram.se aqui.



DIA DA MÃE


Pablo Picasso, Mother and child - Marie-Thérèse and Maya (1938).
Imagem daqui.





(IMAGENS, I)


Um dia, em Kharkow, num bairro popular
(Oh, esta Rússia meridional, em que todas as mulheres,
Com xailes brancos pela cabeça, têm ares de Madonas!),
Vi uma jovem que voltava da fonte,
Carregando, à moda do país, como no tempo de Ovídio,
Dois baldes suspensos dos extremos de um pau
Em equilíbrio no pescoço e nos ombros.
E vi uma criança esfarrapada aproximar-se dela e falar-lhe em voz baixa.
Então, inclinando amavelmente o corpo para a direita,
Ela fez de maneira a que o balde cheio de água pura tocasse o chão
Ao nivel dos lábios da criança que ajoelhara para beber.



Valery Larbaud, "Images" I, A. O. Barnabouth, ses oeuvres complètes, c'est-à-dire: un conte, ses poésies et son journal intime (1913), in "Vozes da Poesia Europeia - III", traduções de David Mourão-Ferreira, número 165, setembro-dezembro de 2003, p. 72.




sexta-feira, 5 de maio de 2017

A DIVINA COMÉDIA - INFERNO


A imagem e todas as informações encontram-se aqui.



No Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, de 11 de maio a 4 de junho.



quinta-feira, 4 de maio de 2017

MUNDO



Imagem daqui.




MUNDO

Tão belo que é...
as voltas que dá,
passam-se os dias,
Tão belo que é...

Tão belo que é...
a fauna, a flora,
a paz, a harmonia
Tão belo que é...

Tão belo que era...
outrora, não agora,
olá, transformações,
Tão belo que era...

Tão belo que é...
tudo posto em causa,
amor, religião, integridade,
Tão belo que é...

Tão belo que é...
vidas perdidas, caídas,
as razões? Desconhecidas!
Tão belo que é...

Tão belo que era...
se o mundo sarasse
do ódio, racismo, medo
Tão belo que era...


Marta Bastos e Carlos Santos, Alunos do 11º CT5 desta Escola.




quarta-feira, 3 de maio de 2017

REDONDILHAS DOS GESTOS


Pormenor de biombo Nanbam-jin ("bárbaros do sul"), atribuído a Kano Domi, entre 1593 e 1600.
Imagem daqui.




12. redondilhas dos gestos


sôbolos rios que vão
por babilónia me achei
e lá passando encontrei
bronzes, arames, latão,
chumbo, zinco, ouro de lei.

vi chapas, restos de molas,
pedras brancas e cinzentas,
superfícies ferrugentas,
vi pirâmides e bolas,
vi memórias de tormentas,

vi turbinas aos bocados,
vi cilindros, vi motores,
maquinismos recortados,
filamentos delicados,
vi pistões e extintores,

e vi pedras, vi granito,
vi basalto e vi calcário
e pedaços de arenito
já polidos pelo atrito
e metidos num armário.

vi escórias, vi confusa
multidão de coisas tal
que depois se aparafusa.
vi algumas made in usa
e outras made in portugal.

e vi serras, instrumentos,
berbequins, goivas, martelos,
tornos, turqueses, cubelos,
chaves, pregos, acrescentos,
cadeados, tantos elos

de fazer as ligações
nessa estranha babilónia
do real às emoções.
vi o busto de camões
tratado sem cerimónia,

vi a ninfita neptuna
feita de pano e de lã,
era a boneca pagã
encostada a uma coluna,
vi figurinhas namban

e coisinhas de metal,
gigantescas estruturas,
fontes para as águas puras,
brancos seixos do areal
e as argilas, mais escuras.

vi também que cada estria,
no interior de um monumento,
dava à luz geometria.
e vi como se fazia
a invenção do cata-vento.

vi que tudo se aproveita
mesmo o já desnecessário
e ou se entorta ou se endireita,
ou se liga, alarga, estreita,
ao sabor do imaginário.

vi imagens, vi entranhas
feitas de cimento e aço,
e sinais e contra-senhas
a lembrar fernando lanhas,
pablo gargallo, picasso...,

não por algum ser o mestre
para ser citado à pressa,
mas pelo fulgor terrestre
de uma energia rupestre
que a todos os atravessa.

vi alusões literais
e referências, intuitos,
piscadelas e sinais
e achados ocasionais
e os seus curto-circuitos,

vi o fazer como vibra
de ser insatisfação
na feitura fibra a fibra:
arte que desequilibra
no encontrar da solução.

ali vi quanto está só
quem procura e se procura
e dos riscos da aventura
faz seu luto e faz seu dó
porque a forma é sempre impura

e exprime alegrias, medos,
saber, traumas, ansiedade,
e de tudo faz brinquedos
ou dramáticos enredos:
nisso está mesmo a verdade

da ilusão a que ela adira
como a filme em celulóide,
ou das figuras que tira
de ente libido e mentira
sem dar conta ao dr. freud.

sôbolos ferros, os restos,
que em babilónia encontrei,
tudo aqui emaranhei
para perceber os gestos.
foi dos gestos que falei

Vasco Graça Moura, "variações metálicas", Poesia Reunida, vol. 2, Lisboa, Quetzal Editores, 2012, pp. 287-289.



terça-feira, 2 de maio de 2017

O OLHAR DO POETA


Edouard Manet. Bouquet de violettes et éventail (1872).
Imagem daqui.




"Entre ce qui commence et ce qui finit l'oeil du poète a saisi cet imperceptible point où quelque chose pique."

Paul Claudel, Cent phrases pour éventails, Paris, Gallimard, 1996.