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Escola Secundária José Saramago - Mafra

quinta-feira, 27 de março de 2014

A EUROPA E O TEMPO


Albrecht Dürer, Melancolia I, 1514
Imagem daqui.



        "Há muitos anos, ouvi um escritor africano afirmar num colóquio que a Europa se caracterizava por três criações míticas a que hoje acedemos por via da literatura: eram elas Prometeu, Ulisses e Fausto. Esta tríade assim enunciada por alguém que era de origem exterior à Europa, embora de  evidente e cuidada formação cultural europeia, mostra que «do lado de fora» há quem sinta a Europa como uma identidade cultural diferenciada e densa, susceptível de ser simbolizada em três figuras paradigmáticas.
        (...)
        Talvez se lhes devesse agregar, noutro plano, um sentido da experiência do tempo, do tempo vivido e da efemeridade de tudo, quase sempre de melancólicas e saturnianas ressonâncias na consciência europeia quando contempla o mundo e medita sobre o destino. Entre o rei D. Duarte de Portugal no seu Leal Conselheiro (cerca de 1438), a gravura famosa de Albrecht Dürer Melancholia I (1514) e o tratado monumental de Robert Burton, The Anatomy of Melancholy (1621), a preocupação é idêntica e atravessa os séculos «em busca do tempo perdido». E já remontava pelo menos a Horácio."

Vasco Graça Moura, "Símbolos de uma identidade" in A Identidade Cultural Europeia, Lisboa, Fundação Francisco Manuel dos Santos e Relógio D'Água Editores, 2013, pp.44-45.



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