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Escola Secundária José Saramago - Mafra

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O QUE NÃO SE DIZ, MAS QUE É POSSÍVEL ESCREVER... III


Imagem daqui.




Muitos são os momentos em que decidimos não nos pronunciar para pouparmos os que amamos de palavras duras, talvez de coisas que não necessitam de ser ditas, mas que podem ser escritas como desabafos, porque simplesmente não conseguimos guardar tais palavras apenas para nós próprios. Palavras que foram escritas e transmitidas a alguém por cobardia e medo de serem pronunciadas em voz alta. Palavras que apenas se podem escrever porque a pessoa a quem devíamos tê-las transmitido já não as quer ouvir ou talvez nem possa.

O que não se diz é muito, mas o que é possível escrever-se a partir dessas palavras omitidas é ainda mais. (In)felizmente as pessoas perdem a vergonha e o medo quando se encontram em frente a um papel ou, tendo em conta os tempos atuais, quando se encontram em frente a um telemóvel ou computador; aí escrevem tudo o que querem e lhes é possível, evitando o frente a frente, porque dizem que é mais fácil a expressão quando se tem um intermediário.

O que não se diz, mas que é possível escrever-se: palavras de dor que mal se conseguem pronunciar.

O que não se diz, mas que é possível escrever-se: um desabafo sobre algo que ainda não está inteiramente resolvido.

O que não se diz, mas que é possível escrever-se: palavras revolucionárias nas paredes de uma cidade.

O que não se diz, mas que é possível escrever-se: as palavras de um mudo que apenas pela escrita e pelos gestos pode comunicar com o mundo à sua volta.

Tantas são as coisas que não se dizem, mas que é possível escrever-se... Na minha opinião, se uma pessoa tem coragem de dizer algo por escrito também devia ter coragem para defender a sua posição falando com alguém. Há sempre mais valor quando algo é dito, revela mais significado!

O último exemplo do que não se diz, mas que é possível escrever-se, de que me lembro, é o que a população escreve nas redes sociais. As pessoas contam-nos toda a sua vida, insultam-se e dizem atrocidades que não cabem na cabeça de ninguém, porque, incompreensivelmente, perdem a vergonha de dizer tudo o que lhes vai na alma só por estarem em frente a um monitor e, depois, muitas vezes, não têm noção de quão ridículo é aquilo que escrevem, acabando por revelar coisas que nunca diriam.

Para concluir, na minha opinião, hoje em dia, apesar de muito não se dizer, as pessoas escrevem tudo o que pensam e acabam por dizer coisas desnecessárias, muitas vezes magoando os outros, quando, na maioria dos casos, isso seria perfeitamente evitável.
 
Gabriela Luís, 11º N

 

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