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Escola Secundária José Saramago - Mafra

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

DIA DOS NAMORADOS IV


Querido Henrique, 

Há já algum tempo que o sol partiu, juntamente com a minha felicidade. Juntamente com o meu sorriso, com o meu amor, a minha vida. Contigo. Era tudo tão mais fácil quando permanecia no desconhecido, na ignorância. O teu amor mudou-me, assim como a tua presença e a tua pegada no meu coração. Hoje, a consciência pesa mais alto. Hoje, perdi-te. Não chorei, não gritei, não tive reacção. A tua ausência parecia impossível aos meus olhos. Alguém como tu, tão cheio de vida, de coragem, tanta coisa para dar, tanta coisa para viver, tanta coisa, e agora, nada.
O meu pensamento está constantemente contigo. No acidente. No passado e no presente. Sim, porque não tenho futuro. A esperança que me resta agarra-se ao reencontro que possibilitará uma eternidade junto a ti. Eu mal posso esperar.
O tempo aqui é fugaz. Que razão existe para que o contrário se verifique? Para todos os outros, foi apenas mais um capítulo que chegou ao fim, para mim, uma página que arrancaram brutamente, sem aviso ou precaução, de uma história promissora. O nosso capítulo não acabou, acredito até que não houve oportunidade de começar. Há quem diga que foi o destino, há quem simplesmente não tente explicar. E depois existo eu, na esperança de que tudo isto não passe de um pesadelo. Que quando acordar, vais lá estar, a meu lado, à minha espera.
Escrevo-te esta carta, na esperança que consigas ouvir estas minhas palavras de desespero, de perdão. Sem elas, estou assombrada pelo teu rancor e desprezo. Com eles não consigo viver. Não me consigo olhar ao espelho sem sentir pena desta fraca figura que por este mundo é arrastada. Perdoa-me.
Já nada me resta, se não as memórias de uma infância feliz, dos beijos proibidos e roubados, das gargalhadas e da despedida ao fim da tarde, após um dia inesquecível. Talvez um dia voltaremos a estar juntos. Quem sabe. Talvez a história não tenha mesmo terminado, talvez ainda haja futuro. Esperança. Afinal, o destino prega-nos partidas. Embora de mau gosto, a possibilidade de estar contigo novamente, ilumina o meu olhar, enche de volta a minha medida de felicidade, e faz nascer de novo o sol. Não tardarei. Espera por mim, onde o horizonte termina. Amo-te.
Sempre tua, para a eternidade,
Anabela Fernandes

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