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Escola Secundária José Saramago - Mafra

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

MINAS DO OURO

Cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.
Imagem daqui.


“Do que me foi dado apurar alcanço apenas o aquém-mar, desde que os portugueses aportaram nestas terras brasílicas convencidos de ser aqui o desmundo. Atolaram-se no equívoco. Pululava, matas adentro, indiada incontável, gente abrasiliada há séculos, outro mundo.
Do alto de naus e caravelas descendeu a iberada lusitana calcada na ignorância. Trazia o pau de fogo em uma das mãos e a Bíblia na outra. Tinha os indígenas na conta de desculturados, desprovidos de luzes e letras, mais próximos a bichos que a homens. Faltou tino aos aportados. O que a mente não vê os olhos não enxergam. Fossem menos obtusos, teriam captado: a povoada selvática exalava tanta cultura quanto os súditos manuelinos do outro lado do oceano. Só que diferente, nem pior, nem melhor – outras línguas, outros costumes, outros jeitos. Saber desescrito de livros; porém gravado no alarido dos macacos, na correnteza dos rios, na palma dos coqueiros, no sutil deslocar das formigas prenunciando inundações, nos rituais cujas fogueiras respondiam crepitantes aos acenos da lua cheia.”
Frei Betto, Minas do Ouro, Rio de Janeiro, Rocco, 2011, p. 13.

Da badana do livro:
“Este novo romance de Frei Betto descreve a saga da família Arienim através de cinco séculos de história das Minas Gerais.
Em torno de um misterioso mapa de «inesgotáveis fontes de riqueza», repassado de geração em geração, a narrativa abarca episódios e figuras emblemáticas da história mineira: entradas e bandeiras; guerra dos Emboabas e Triunfo Eucarístico; a exploração de ouro e diamante; Tiradentes e Aleijadinho; mina de Morro Velho e as coincidências entre o explorador Richard Burton e o ator do mesmo nome.
Minas de Ouro, garimpo da memória familiar, é um romance no qual o barroco transparece na sua volúpia e beleza, numa linguagem de primorosa qualidade estética.”

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