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Escola Secundária José Saramago - Mafra

sexta-feira, 25 de maio de 2012

PENÉLOPE I

Obra de Tatiana Blass. Daqui.

"Telémaco descarado, irreprimível na tua fúria, que vergonhas
nos lançaste à cara! Será que nos queres censurar?
Pois fica sabendo que não são os pretendentes os culpados,
mas a tua querida mãe, sobremaneira astuciosa!
Na verdade já vamos no terceiro ano - em breve virá o quarto -
em que ela engana os corações dos Aqueus.
A todos dá esperança e a cada homem manda recados,
mas o seu espírito está voltado para outras coisas.
Também este engano congeminou em seu coração:
colocando um grande tear nos seus aposentos -
amplo, mas de teia fina - foi isto que nos veio declarar:

«Jovens pretendentes! Visto que morreu o divino Ulisses,
tende paciência (embora me cobiceis como esposa) até terminar
esta veste - pois não quereria ter fiado a lã em vão -,
uma mortalha para o herói Laertes, para quando o atinja
o destino deletério da morte irreversível,
para que entre o povo nenhuma mulher me lance a censura
de que jaz sem mortalha quem tantos haveres granjeou.»

Assim falou e os nossos corações orgulhosos consentiram.
Daí por diante trabalhava de dia ao grande tear,
mas desfazia a trama de noite à luz das tochas.
Deste modo durante três anos enganou os Aqueus. (...)"

Homero, Odisseia, Canto II, Lisboa, Cotovia, 2004



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